quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O nome deste micro não é HOTE.

E a foto não está invertida. Isto é ETON no alfabeto cirílico. Trata-se de um clone russo do ZX Spectrum 48K, segundo seu dono, o Wilton Abreu da comunidade Videomagia.

E que mais informação podemos obter sobre este Komputador Klone Komunista dos Komissários dos Kolkhozes? Nenhuma! Ele não está sequer listado no completíssimo old-computers.com.

E o nosso amigo Wilton sequer pode ligá-lo, pois a TV SECAM (sim, a França não é o único país importante que usa SECAM) que ele tinha pifou... mas esperem! O que é isso? O Wilton nos informa em edição extraordinária: "Eu tenho outra TV SECAM vindo da China. Quando chegar, eu tiro umas fotos dele funcionando." Alvíssaras! A galera aguarda ansiosamente!

Clique na IBAGEM para mais IBAGENS.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Teve mais encontro neste sábado

Da Lista Videomagia, em Mogi das Cruzes. Álbum aqui.

Destaque para o Kaypro II trazido pelo Comodoro Guaraci. Pena que não tinha disquete pra bootar o CP/M.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Isso sim é retrocomputação, o resto é pinto [UPDATE!]

O pessoal do The National Museum of Computing em Bletchley Park, Inglaterra (o mesmo lugar onde Alan Turing & equipe decifraram as mensagens criptografadas dos nazistas) completou a restauração de um Harwell Dekatron (também conhecido como WITCH) e planeja dar boot oficial nele... HOJE!

É o computador mais antigo do planeta ainda em funcionamento. E você aí babando com Altairs e IMSAIs.



Nas palavras de Kevin Murrell, curador do TNMOC que promoveu o trabalho de restauração:

Em 1951 o Harwell Dekatron era um de, talvez, uma dúzia de computadores no mundo, e desde então ele tem vivido uma vida boa, sobreviveu intacto enquanto seus contemporâneos eram reciclados ou destruídos. Sendo o mais antigo computador digital do mundo ainda em funcionamento, ele oferece um fantástico contraste com a reconstrução do nosso Colossus do tempo da guerra (N. do T.: é um daqueles com o qual o Turing hackeou os nazistas), que foi o primeiro computador eletrônico semi-programável.

Delwyn Holroyd, voluntário que liderou a equipe de restauração:

A restauração foi um grande desafio, precisamos trabalhar com válvulas, relés e leitores de fita de papel que são raramente vistos hoje em dia e certamente não se encontram em computadores modernos. Os membros mais velhos da equipe tiveram que tirar a poeira de velhas habilidades; os mais jovens tiveram que aprender do zero.

Mais no artigo. UPDATE: funcionou!

Mais IBAGENS da MSX Jaú 2012!

Via Daniel Campos. Clique na foto pra ver o álbum.

domingo, 18 de novembro de 2012

IBAGENS da MSX Jaú 2012

Cortesia do retrocompanheiro Werner Kai. Clique em qualquer uma para o álbum completo.




Retroarmazenamento de Retrodados: Bernoulli Box

Eu me lembro que isto era anunciado direto nas Bytes e PC Magazines americanas nos anos 80. Olhem o TAMANHO da mídia! (Sim, isso é a mídia, não o drive!)



O sistema de funcionamento é baseado num efeito de mecânica dos fluidos, o Princípio de Bernoulli (daí o nome), pelo qual as cabeças de leitura e gravação são mantidas muito perto da mídia sem tocá-la graças ao fluxo de ar em alta velocidade.

Vídeo do bicho em ação. Mais informações aqui.



Agradecimentos a Mauricio Munuera pelo link.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Arqueologia cartuchística

Sem mais nada produtivo pra fazer nesta manhã de feriado, resolvi explorar um cartucho de CoCo por dentro. Um joguinho educacional modo-texto bem besta chamado "Bingo Math".





Baseado nesta referência pra pinagem do slot, levantei a pinagem do chip:



É quase ‐ quase ‐ a pinagem de uma EPROM 2732 de 4 KB, mas não exatamente. O pino de endereço A11 vai no que seria o Enable. Esquisito. Desse jeito, a cada 1 KB o conteúdo da ROM apareceria e desapareceria. Acredito que este chip não seja realmente compatível com a 2732. Procurei pelos números/códigos que aparecem impressos nele e não achei nada. Que catzo de ROM é esta?

Ah, e o espaço vago pra chip está perfeitamente em paralelo com o ocupado, pino a pino. O que não serve pra fluido seminal nenhum.

Antevejo gambiarras.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Depois de amanhã tem MSX Jaú

Detalhes aqui.

Para esquentar os motores, um BÍDEO da edição de 1999. É a nostalgia da nostalgia! Agradecimentos ao Edson "Sucochip" por ter desencavado estes e-pergaminhos. Mais aqui, aqui, aqui e aqui.


domingo, 11 de novembro de 2012

He's a Pinball Wizard, There Has to Be a Twist

Sábado agora teve evento aberto no Rio Pinball Clube, no bairro de Olaria, Rio de Janeiro.

Mais IBAGENS aqui. Repare que gabinetes de arcade multi-jogo são populares por aqui também. (Me acabei jogando Juno First.)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

CoConcurso de Programação!

O pessoal da Cloud9 está promovendo um concurso de programação para o TRS-80 Color Computer.



Tira a poeira dos teus LEAU e LBNE e vai à luta, mofío!

domingo, 4 de novembro de 2012

Um mundo retrocomputacional desconhecido pela distância: da Austrália, o MicroBee

Guardadas as devidas proporções, esta empresa lá de Down Under (chamada originalmente de Applied Technologies e depois simplesmente MicroBee) era a Sinclair australiana. Este micro foi originalmente vendido em forma de kit, e logo depois, ao ganhar popularidade, pré-montado. Clique na foto para ver os detalhes na Mãe dos Burros:



Mas ora vejam vocês: esta empresa resolveu voltar dos mortos recentemente e relançou seu micro, mais uma vez em forma de kit, em formato dois-em-um ‐ vem com a placa-mãe Z80 compatível com o micro antigo, e uma modernosa com Coldfire MCF52259 que roda uClinux.



Custa A$ 399.00. Mas não se anime muito, porque (a) o dólar canguru vale até um tiquinho a mais que o dólar caubói, (b) eles só fabricaram 100 unidades, (c) a maior parte já foi vendida, e (d) a Austrália é longe pra meireles.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Original e o Clone

Ainda no tema da minha participação no podcast Retrocomputaria...

O Daniel Campos do AMX Project conseguiu um LZ Color64, que vem a ser o clone de TRS-80 Color Computer fabricado pela empresa em que trabalhei nos idos de mil e novecentos e lá vai fumaça. Eu não via uma máquina dessas em pessoa há pelo menos 25 anos.



Fizemos um comparativo entre o visual do pai e o do filho bastardo. Como o Daniel suspeitava, o vídeo do Color64 tem algo de marca no reino da Dinapodre:



Antevejo uma intervenção de Tio Trucco avizinhando-se no horizonte. Não seria a primeira do gênero.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

As Águas

Há trinta anos, completava-se a destruição de Sete Quedas, alagada para a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Na época, Luís Fernando Veríssimo escreveu esta crônica. Lê-la foi como levar um soco na boca do estômago.

(Obrigado à Larissa, da comunidade LFV do Orkut, pela transcrição, e ao Lisias Toledo da turma retrocomputeira pelo scan.)

As Águas

Começou numa banheira na península do lago, em Brasília.

Uma senhora do primeiro escalão enchera uma banheira para um banho de espumas - era véspera de feriado nacional - e, quando fechou a torneira, a água não parou de jorrar. Quando o bombeiro chegou a água já alagara o banheiro e o quarto do ministro. E continuou a jorrar, apesar de todas as frenéticas providências do bombeiro. Invadiu a parte social do casarão. Empapou os carpetes. Passou para a rua. Correu para o lago.

O ministro só ficou sabendo quando chegou em casa e viu sua poltrona predileta, seus chinelos e seu cachorro boiando no jardim.

O que estava acontecendo?

* * *

No segundo dia, enquanto a água ainda jorrava misteriosamente da torneira do ministro, num apartamento de Brasília alguém pediu um pouco de água de sifão no seu uísque. O mordomo apertou a válvula do sifão. Saiu um jato tão forte que derrubou o copo de uísque. O sifão pulou da mão do mordomo.

Não parava mais de jorrar água do sifão. O sifão rodopiava no chão como um buscapé, espirrando água para todos os lados. As pessoas tiveram que fugir do apartamento alagado.E a água foi atrás. Escorreu pelas escadas. Ganhou a rua. Dirigiu-se, como um rio, para o lago. E o sifão rodopiando, expelindo água. Galões e galões de água gaseificada saíam da pequena garrafa.

Inexplicavelmente.

* * *

No terceiro dia, em outra casa da península do lago - enquanto a primeira torneira ainda jorrava e o sifão ainda cuspia água para todos os lados - as pessoas notaram que as paredes começavam a ruir. Primeiro foi só a umidade, coisa rara em Brasília. Depois gotas. Finalmente, torrentes de água descendo pelas paredes. A água acumulava-se no chão, corria para a rua, depois para o lago. Em pouco tempo a própria casa - uma mansão, embora do segundo escalão - foi erguida das suas fundações pelas águas e carregada para o lago, sob o olhar atônito dos seus ocupantes.

E ninguém sabia por quê.

* * *

No quarto dia - enquanto a torneira jorrava e o sifão rodopiava e das fundações da terceira casa brotava água aos borbotões - a notícia já se espalhara por todo o país e as explicações apareceram. Era óbvio que Brasília fora construída sobre um insuspeitado lençol de água que, por alguma razão, começava a aflorar. Mas como se explicava o sifão? E a torneira que continuava a jorrar mesmo sem água nos canos? E por que foi que naquele quarto dia a própria caixa d'água do Palácio começou a vazar, e a água a escorrer pelas paredes executivas, e a correr para a rua, e para o lago?

Ninguém sabia por quê. E veio o pânico.

* * *

No quinto dia - a torneira jorrando, o sifão golfando, a vertente borbotando, a caixa d'água transbordando - havia terror em Brasília. Ninguém ousava tomar banho ou abrir uma torneira ou uma garrafa. As autoridades advertiam: ninguém toque em água até que tudo se esclareça. Ninguém faça buracos no chão. Ninguém assoe o nariz. Ninguém urine. Ninguém... Mas um jardineiro, que não sabia de nada, foi visto encaminhando-se para a chave que fazia funcionar os dezessete "sprinklers" que regavam um gramado ministerial.

Antes que pudesse ser detido - "Meu Deus, segurem ele!" - acionou a chave.

E dezessete vulcões de água eruptiram no chão de Brasília. E as águas correram para o lago.

* * *

- Sete Quedas... - disse alguém sombriamente, no aeroporto, esperando uma desistência num dos vôos lotados que partiam para lugares mais secos.

- Como, Sete Quedas?

- Você não vê? O lago está subindo. Recebe água de cinco novas vertentes. Uma por dia. Faltam duas. Em uma semana o lago cobrirá Brasília. Como o lago de Itaipu cobriu as Sete Quedas.

- Bobagem.

- Retribuição...

E foi ver se seu nome estava mesmo na lista de espera.

* * *

No sexto dia, do centro da Catedral, como de um poço de petróleo, saiu um jorro de água que subiu quinhentos metros. Começou a evacuação da cidade.

* * *

Um profeta passeia de caiaque por entre as antenas de televisão, na peninsula submersa.

- Limpem, águas. Limpem tudo. Lavem a alma da república!

E as águas subindo.

* * *

No sétimo dia correram lágrimas dos olhos de bronze do Juscelino. Era a sétima vertente. Em pouco tempo o lago cobriu tudo. Equipes de salvamento ainda tentaram resgatar alguma coisa da fauna do lugar que não fugira a tempo. Um repórter político e um lobista foram encontrados agarrados ao corpo inchado de um cavalo que flutuava, e salvos. O chapéu do Brossard desapareceu num redemoinho.

* * *

Só os dois edifícios do Congresso ficaram de fora, como as chaminés de um navio afundado.